CASD (SP): “O mais importante é manter uma escuta ativa (…) um canal de diálogo aberto entre todos os envolvidos”.

Organização paulista recria ações de engajamento e motivação, relevando espaços de comunicação e proximidade entre membros e estudantes.
Turma de aprovados de 2019 do CASDvest, voltado ao ingresso no Ensino Superior  – Foto: Cortesia/CASD

 

Nesta semana, o #NosCUPs, uma das trilhas de conteúdo da Brasil Cursinhos em 2020, chega à São José dos Campos, cidade localizada no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, mais precisamente no Curso Alberto Santos Dumont – CASD.  

 

Turma de aprovados de 2019 do CASDinho, cujo foco é o acesso ao Ensino Médio – Foto: Cortesia/CASD

 

“Menos de metade dos alunos da rede estadual de SP acessa ensino online na quarentena” informa a matéria de capa do jornal Folha de S. Paulo, do último dia 14 de maio. Mesmo há pouco mais de duas semanas no ar, o aplicativo lançado pelo governo de São Paulo para ensino à distância durante a pandemia do novo coronavírus foi acessado por 1,6 milhão de alunos, metade dos 3,5 milhões da rede estadual paulista (47%).

Embora grande parte dos matriculados tenha feito login pelo novo sistema, isso não significa que eles estejam de fato assistindo a todas as aulas que deveriam acompanhar – Sob a atual pandemia, existe pouco incentivo para concentrar-se na frente de uma tela, muitas vezes sem ambiente calmo ou adultos para supervisionar e auxiliar o estudante em suas necessidades. 

A partir do atual cenário, existe a grande a probabilidade de jovens e crianças que, em condições normais, já carecem de suporte familiar e social para progredir na educação estejam entre os mais prejudicados em curto prazo. Além do mais, a tecnologia pode até agravar vetores de desigualdade e contribuir para aumentar futuras taxas de evasão.

Luiz Roberto Liza Curi, atual Presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), em recente entrevista ao portal especializado em inovações educacionais, Porvir, ressalta a importância de diálogo e orientação no estímulo aos alunos e professores para consolidar normas para o ensino remoto em épocas de pandemia. “É relevante que os sistemas possam organizar e diferenciar, com carga horária estabelecida, atividades mobilizadoras e necessárias com apoio das escolas e nas residências dos alunos”.

Localizado em São José dos Campos/SP, o Curso Alberto Santos Dumont (CASD) surgiu em 1997 e, hoje, tem dois grandes cursos com público-alvo diferentes: o CASDinho, voltado à preparação para o Ensino Médio, com 240 alunos; e o CASDvest, com foco no ingresso universitário, com 520 estudantes. 

Somam-se aos atuais discentes, 90 professores voluntários, 60 membros administrativos voluntários, e a diretoria, composta por 15 integrantes.

A Organização, aliás, está desenvolvendo ações que vão desde a troca de informações sobre a rotina dos alunos, até a criação de espaços digitais, que envolvam aprendizagem e interação entre estudantes e voluntários em meio à pandemia.

E com o intuito de compartilhar tais iniciativas, que destacam o valor da educação em situações atípicas, como a atual, a BC entrevistou: Lucas do Vale, Presidente; Eduardo Imagawa, Diretor Executivo do CASDinho, e Leonardo Dias, Diretor Executivo do CASDvest.

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Como foi acompanhar o avanço do novo coronavírus (COVID-19), mais precisamente em relação às atividades do cursinho, considerando-se as recomendações para a suspensão das atividades regulares?

Preocupante, pois, a princípio, não imaginávamos que o vírus teria esse impacto todo na nossa realidade. Quando foram dadas as recomendações (de interrupção), suspendemos imediatamente nossas atividades em prol da saúde pública. 

Para nossa surpresa, vimos várias plataformas online se disponibilizando para utilização gratuita, e já estávamos pensando em como lidar com essa situação caso esse cenário piorasse.

Vocês já tinham em mente alternativas à modalidade presencial? 

Sim. Algumas plataformas online comunicaram que estariam disponíveis gratuitamente por um período de 30 dias. Como já tínhamos parceria com a Eduqo e utilizamos a plataforma do QMágico no CASDinho, já conhecíamos esse sistema e sabíamos do quão intuitiva e visual são sua interface, o que poderia ser interessante na utilização do QMágico para o CASDvest também, principalmente nesse período. Dessa forma – contatando a Eduqo – conseguimos fechar a parceria para o CASDvest.

Quais são as estratégias e ferramentas adotadas perante o quadro atual?

A princípio, manteríamos a ideia de ter um cronograma de aulas, entretanto, essas passariam a ser gravadas. Então, buscamos capacitar nossos professores para utilização da plataforma do QMágico, e, após isso, já foram sendo postadas as aulas gravadas seguindo o quadro feito pelo Ensino. 

Além disso, mantivemos as formas de avaliação (simulados e pequenos testes), sendo liberadas em um dia – dando um tempo para o aluno realizar a avaliação – para, em seguida, enviar-nos respondida. 

No entanto, sabemos que o momento e o método EaD não são dos mais motivadores, caso o aluno não esteja acostumado. Dessa forma, sabíamos que precisaríamos motivar e engajar os nossos alunos o máximo possível. Algumas medidas foram colocadas em prática pelo RH para promover isso, como criar um Instagram (@boracasdinho e @boracasdvest), onde seriam postados vídeos motivadores de alunos que passaram pelo CASD e conseguiram a aprovação, resumos dos alunos sobre as matérias e, também, dicas para melhorar os estudos em casa. Além do Instagram, estão sendo feitas algumas lives para buscar esse maior engajamento dos alunos.

 

Postagem no @boracasdvest, no Instagram. Acesso à plataforma também virou ferramenta de engajamento e motivação aos alunos. Tela: Cortesia/CASD

 

Como se deu o processo de criação e implementação dessas iniciativas?

Como já tínhamos contato com a plataforma pelo CASDinho, não foi difícil reproduzir também (ações) para o CASDvest, além de que muitas das atividades se mantiveram (elaborar um cronograma semanal, divulgar simulados, etc.). 

Ao notar que o engajamento estava diminuindo gradativamente, pensamos em medidas para promover e cativar a atenção dos alunos. Após isso, colocou-se em prática as linhas de ação pensadas.

 

Miniguia do CASDinho – Direcionamento e auxílio à distância. Tela: Cortesia/CASD

 

Quais pontos levaram em consideração no momento de desenvolvê-las?

Levamos em consideração o fato de que a rotina dos alunos possivelmente seria alterada, o que exigiria uma maior flexibilidade quanto a horários de aula, por exemplo. Dessa forma, o foco foi deixar as aulas salvas para que o aluno assistisse quando possível. 

Outro ponto tange à participação dos professores, já que muitos não possuíam equipamentos adequados em casa para preparar um material de qualidade, o que exigiu dar uma liberdade maior em relação ao modelo de ensino escolhido.

Como está sendo a receptividade dos alunos, professores e voluntários para com as ações adotadas até aqui?

O modelo foi escolhido após diversas discussões e, mesmo após a sua adoção, discussões foram feitas, a fim de analisar suas vantagens e desvantagens. Assim, percebe-se que foi uma escolha positiva e bem recebida por parte de todos. O grande problema está ligado à participação dos alunos que, no geral, possuem limitações de infraestrutura que impedem o pleno aproveitamento, embora aqueles que conseguiram utilizar tenham elogiado bastante a ferramenta.

 

 

Transmissão ao vivo (live), pelo eduCASD, no YouTube. Aproximação e amparo aos alunos em tempos de adaptação. Tela: Cortesia/CASD.

 

Como avaliar o desempenho do corpo docente e discente a partir dessas estratégias?

A plataforma permite analisar as atividades realizadas tanto pelos professores quanto pelos alunos, permitindo-nos, por exemplo, uma avaliação da frequência de acessos e o progresso em cada atividade. Além disso, estão sendo realizados simulados semanalmente, de modo a observar a absorção dos novos conteúdos. Por fim, existe um canal de comunicação aberto entre os alunos e o corpo administrativo, admitindo feedbacks acerca de todas as atividades.

Vocês criaram algum programa de tutoria voltado aos alunos?

Os alunos foram divididos em grupos menores com dois mentores cada, de modo a se obter um acompanhamento mais próximo. Nesse espaço, os mentores buscam entender melhor a situação dos estudantes, instruindo-lhes sobre as atividades. Além disso, alunos que necessitam de um contato mais individualizado podem abordar diretamente seus mentores.

Quais os resultados conquistados até o momento, qualitativos e quantitativos, em termos de aproveitamento, desempenho e avaliação dos professores, voluntários e alunos?

Nota-se um alto engajamento dos professores, seja na criação de conteúdo, seja na participação de discussões e de reuniões. Todos os docentes estão ativos no novo modelo. Já a participação dos alunos é bem baixa. Inicialmente, cerca de 80% dos alunos conseguiu entrar na plataforma. Porém, menos de 20% estão participando efetivamente de tudo, por diversos fatores, como a preferência por outras plataformas criadoras de conteúdo ou então a alta carga de estudos exigida pela escola.

Quais dicas recomendam para os demais cursinhos sobre como desenvolver, adaptar e implementar ações de ensino e gestão, considerando alunos, professores, questões orçamentárias, infraestrutura, cronograma e afins?

É importante entender o seu contexto, qual a condição dos seus alunos e dos seus professores. Não existe uma fórmula pronta, pois é uma situação completamente nova e que vai trazer diferentes respostas em diferentes lugares. Dessa forma, o mais importante é manter uma escuta ativa, sempre analisando para ver o que está bom e o que pode ser mudado, reconhecendo que podemos errar e mudar de estratégia quando necessário. Mantenha um canal de diálogo aberto entre todos os envolvidos.

Como a flexibilização do ensino, em situações como a atual, auxilia cursinhos, professores, diretores, alunos e voluntários?

Em situações como a atual, acredito que tivemos muitos prejuízos quanto ao trabalho que fornecemos, já que nunca foi tentado algo desse tipo. Como tudo está sendo novo, tende a ter vários erros e aprendizados, o que não garante que estamos mantendo a qualidade em que o ensino é passado para os alunos. O único ponto positivo que consigo enxergar é o fato de, obrigatoriamente, estamos tendo essa experiência com o Ensino à distância (que demoraríamos para ter caso não estivéssemos nessa situação), o que nos leva a pensar nos aspectos positivos desse método para que possamos dar continuidade. É, querendo ou não, uma forma de aproximar o ensino à tecnologia, ainda que seja feito de maneira brusca.

E de que maneira essas ações de facilitação ratificam o direito à educação para todos, principalmente para as camadas mais vulneráveis da sociedade em termos socioeconômicos?

Acredito que a situação atual não ratifica nem um pouco o direito à educação para todos, sabendo que as camadas mais vulneráveis da sociedade em termos socioeconômicos, na qual o público que atendemos se enquadra, não têm o privilégio de ter o fácil acesso à tecnologia. Isto é, computadores razoáveis, internet com qualidade o bastante para carregar vídeos ou videoconferências, etc. Portanto, mesmo que se tenham diversas plataformas gratuitas para ensino online, pessoas em vulnerabilidade socioeconômica não vão chegar a ter acesso a esse ensino.

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