Não se limite a saber se os alunos entenderam o conteúdo, vá além!

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O aprendizado de uma pessoa não se resume apenas ao que foi passado para ela como objeto de estudo, mas sim ao que ela agrega com base em experiências e exemplos de pessoas próximas.

(Foto de capa: Einstein Floripa Pré Vestibulares)

Que ser voluntário em um cursinho popular é uma experiência incrível e engrandecedora, é fácil de entender. Que te ajuda a desenvolver seu espírito de equipe, te dá experiência profissional, seja administrativa ou de docência, te ajuda a melhorar a orátoria, te ensina a gerir melhor seu tempo, entre tantas outras coisas, é fácil de perceber.

Mas espera! Esse tipo de experiência eu também posso ganhar em projetos como AIESEC, Empresa Júnior, Centro Acadêmico, etc, então por que um cursinho voluntário? Nesse momento, qualquer um de nós que já foi voluntário em um CUP sabe responder de pronto: a experiência de vida que você ganha na troca com os alunos é algo impagável que você não consegue em nenhum outro lugar!

Erra quem pensa que estamos lá só para entregar conteúdo e oportunidade para os alunos e ganhar experiências técnicas. Portanto, seja para você que já é voluntário, ou você que pretende se tornar, a dica é: quebre suas barreiras pessoais de comunicação! Estávamos falando sobre troca de experiências de vida.

A partir do momento em que nos comportamos apenas como funcionários de uma organização, perdemos a grande chance de mergulhar na vida dos alunos, que, acredite, é um mar cheio de peixes coloridos e muito mais profundo do que se pode imaginar!

Para que se limitar a perguntar se o aluno entendeu a matéria, se podemos também perguntar se ele está bem, como foi a semana, como está a situação em casa? Muitas vezes você só vai receber um olhar estranho de “por que você está fazendo isso?”, mas muitas outras vezes você vai ouvir histórias incríveis, além de ver a gratidão nos olhos deles por ter uma pessoa que se importa com sua vida. Ai sim entender você vai entender qual o seu verdadeiro papel ali!

Alunos em fase de vestibular são adolescentes numa época de diversas mudanças na vida, de autoconhecimento, de dúvidas, de incertezas. São pessoas que precisam não só aprender o conteúdo, mas aprender que são capazes e incríveis, ao compartilharem suas histórias e verem a serenidade no olhar de quem está acrescentando a sua vida vivências e experiências incríveis sem precisar sair do lugar!

Isso se intensifica ainda mais quando falamos de um cursinho popular, onde temos alunos que, em sua maioria, vem de uma realidade nada encorajadora e serena, mas sim conturbada e muitas vezes problemática. Muitas vezes o aluno precisa trabalhar e estudar. Nem sempre tem o apoio da família, muito pelo contrário, em alguns casos precisam até ir contra a vontade dos pais para estudarem e encararem de frente essa nova vida universitária. Ou seja, toda a confusão natural de um aluno vestibulando se intensifica ainda mais em um aluno de cursinho universitário popular.

E como podemos ajudar?

  1. Chegue mais cedo e/ou fique um pouco após o término das aulas.

Não é novidade para ninguém que o universitário precisa escolher entre comer, dormir ou tomar banho, porque infelizmente ainda não inventaram um jeito de aumentar o número de horas de um dia! Mas, na medida do possível, quando tiver a oportunidade, chegue um pouco antes do início das aulas ou fique mais um pouco após o término e aproveite o momento de descontração para se aproximar mais dos alunos. É um ótimo momento para fazer perguntas que não cabem durante a aula, como o que querem estudar, o que fazem no tempo livre, como está a escola, entre outros.

  1.   Não tenha vergonha de ser quem você é.

Muito fácil simplesmente falar isso, né? Sim! Com certeza simplesmente “vencer a vergonha” não funciona assim. Mas, infelizmente, não existe uma receita mágica para isso, só se consegue vencer a timidez enfrentando ela! Então, para ajudar, fica uma outra dica: VOCÊ É INCRÍVEL!

Sim, o aluno te admira só por você ser você! Sim, ele vai ser grato pela sua preocupação com ele mesmo que você fale de um jeito estranho ou não seja assim tão descolado. O seu cuidado em se importar com ele vai fazer MUITA diferença na vida dessa pessoa, pode confiar! Nessas horas, não é o que você faz ou fala que faz a diferença, mas sim o que você é. Então, não tenha medo de errar, de não ser bom o suficiente, de não ser pessoa “certa” para estar ali, de só ter assuntos chatos, apenas seja você!

  1.   Fale de você, quebre o gelo!

Às vezes, o que falta para a troca de experiências acontecer é justamente a quebra de gelo entre as duas pessoas! Com você na posição de voluntário, é bem provável que o aluno se sinta intimidado a ser o motor dessa interação. Portanto, comece falando de você, dê exemplos da sua vida para que ele vá se sentindo a vontade de compartilhar a dele também!

Conte histórias engraçadas, mostre suas falhas, conte daquela vez que você passou vergonha, da vez que chorou, do medo que sentiu na hora do prova do vestibular, mostre que você também é um ser humano como ele, que ele pode se sentir à vontade demonstrando fraquezas perto de você!

  1.   Incentive um diálogo.

Falar de você pode ser um bom mecanismo de quebrar o gelo, mas foque em criar um diálogo! Quando dialogamos, falando e escutando, a conversa flui melhor e fica mais fácil entender, elogiar, dar conselhos, ouvir o que o coração está realmente querendo dizer! A partir do diálogo é que firmamos amizades e criamos uma relação de confiança e abertura para ambos os lados.

Quando temos um contato facilitado com os alunos, além de ganharmos com isso, damos a oportunidade a eles de também conhecerem novas visões, de verem atitudes, de entrarem em contato com outros tipo de pensamento de pessoas que não estão no mesmo meio e fase de vida deles. Fazendo com que enxerguem fora da caixa, damos aos alunos uma oportunidade real de se inspirarem e se empenharem ainda mais para chegar onde querem chegar e ter sucesso.

  1.   Não tenha medo de não haver reciprocidade.

Vão existir ocasiões onde o aluno vai te responder só por educação, outras em que nem te responder ele vai. Isso é normal! Todo mundo tem dias ruins, até nós mesmos às vezes não damos bola para as pessoas, mesmo sendo alguém com quem adoramos conversar. Até as pessoas mais descontraídas, simpáticas e comunicativas não tem retorno às vezes. Existem pessoas tímidas, que precisam de algumas tentativas até corresponderem e existem pessoas que não querem contato, então simplesmente não vão corresponder. Isso não quer dizer que você está fazendo errado ou que é ruim nisso. Acontece, parte pra próxima! Não vai demorar até alguém corresponder de uma forma que você nem imaginava!

Priscila Dalledone (ao centro), professora de português, com seus alunos. Foto: Galt Vestibulares

Assim, ao se comunicar com os alunos, o voluntário desenvolve melhor sua empatia e compreende com mais sensibilidade a verdadeira necessidade do outro, que nem sempre é a que imaginamos ser! Sem aproximação, fica muito mais difícil saber o que o aluno realmente precisa, qual a melhor forma de ajudá-lo, entender o seu real papel ali. Quando o professor chega perto, por exemplo, e entende quais são as maiores dificuldades do aluno, ele passa de apenas um bom professor para um bom professor para aquele aluno, sendo capaz de ajudá-lo exatamente no ponto em que ele precisa ser ajudado, e não nos pontos em que achamos que eles precisam de ajuda.

Na verdade, o que importa mesmo é que você seja você e busque a forma que te deixa mais confortável para isso! Independente de como, apenas busque o contato, a interação pessoal! Você vai se surpreender com tudo que irá receber e com o quão maravilhosa essa troca pode ser. Vai ver, que no fim das contas, o agradecimento do aluno não vai ser pelo conhecimento que você passou pra ele durante esse tempo, mas sim pelo que você representou na vida dele!

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