Nosso Humans of Cursinhos de hoje é capixaba, mas atua na Ilha da Magia (a.k.a. Florianópolis).
William Nunes, de 21 anos, é estudante de engenharia de Materiais na UFSC e trabalha (muuuuuuuuuuito) na organização do Cursinho Universitário Popular Einstein Floripa/SC, mais precisamente no departamento de ensino… ou Hogwarts, como eles costumam chamar. Vamos entender de onde vem toda essa magia?!
Lumos Maxima!
William, conta pra gente: como você foi parar no Einstein Floripa?
Então, no início do ano passado, encontrei com o André [um dos fundadores do cursinho], num dia por acaso e, conversando, ele me falou um pouco dos projetos que andava fazendo, como o Einstein. Eu achei a ideia bem legal na hora, e isso ficou na minha cabeça.
Acho que uns dois meses depois eu vi, no Facebook, que estava acontecendo o processo seletivo para entrar no cursinho. Conversei com o André de novo e, apesar de minha primeira intenção ser professor, achei legal me inscrever para organização, já que tinha pouca gente interessada nessa área. O cursinho era uma coisa que estava começando, que ainda estava sendo estruturada, e eu pensei “poxa, é uma iniciativa bem legal! Por que não ajudar esse pessoal a colocá-la em prática?”.
Eu também sempre fui muito ligado na área de educação. Adorava aprender e adoro até hoje e, por isso, eu prestava muita atenção nessas coisas que influenciam na qualidade do ensino, tanto no jeito de ensinar do professor, a didática e tudo mais, quanto no ambiente acadêmico, os recursos didáticos, a organização da escola e essas coisas.
Logo quando eu entrei, descobri que o cursinho era mais organizado do que eu pensava. Conheci o Douglas [atual presidente do Einstein], e ele falou “nossa, a gente ainda tem muito o que melhorar!”. E daí eu falei “é, mas vocês tão indo muito bem”. Ver que tinha gente comprometida se dedicando àquela causa me fez perceber que ali era um lugar que eu ia gostar de trabalhar.
Eu sei que, no Einstein Floripa, os departamentos recebem nomes beeem peculiares. O seu departamento – o de ensino – recebe o nome de Hogwarts [escola de magia da saga Harry Potter]. Me diz aí: onde você vê a magia no trabalho que você faz?
Então, saber que o futuro de 120 alunos depende do seu trabalho, sem dúvida, influencia no modo como você trabalha. Isso te dá um senso de responsabilidade, uma sensação de que o que você faz vai afetar a vida deles. E não são só os alunos, tem também toda a equipe de professores e monitores que contam com Hogwarts pra fazer as coisas funcionarem e poder ir pro cursinho sem se preocupar com mais nada além de dar a melhor aula possível.
Existe pressão de todos os lados pra gente fazer um trabalho bem feito e eu confesso que isso dá bastante trabalho. Mas, olha, eu gosto muito, sabe? É muito legal estar lá direto, presente no cursinho, conhecer os alunos, conversar com eles, rir um pouco com aquelas zoeiras do dia a dia, ajudar com incentivos e dicas de estudo. É fácil se identificar com os alunos se você já passou pela mesma situação há pouco tempo atrás. Trabalhar junto com os professores e monitores também é sensacional, porque é uma galera super motivada, gente boa, que tá ali pra mudar a vida de outras pessoas. Posso dizer o mesmo do pessoal que trabalha junto comigo na organização. Não tem uma pessoa no cursinho inteiro que eu não goste.
Em Hogwarts, temos a cultura de tentar resolver os problemas sempre com a melhor solução possível, sem se importar com o trabalho que isso vai dar. A gente procura sempre atender às demandas de todo mundo, seja professor, monitor ou aluno, da melhor maneira possível, de forma rápida, cuidando sempre para não perder informações no meio do caminho e deixando as pessoas felizes. A gente sempre se coloca à disposição para resolver qualquer problema, e a gente resolve mesmo. E depois ainda pergunta se tem mais alguma coisa que a gente pode fazer. É aí que o pessoal vê que a gente faz mágica.
Nas últimas semanas, você e toda a equipe do cursinho estavam bastante empenhados com o processo seletivo. Eu fiquei na dúvida: como você consegue conciliar o Einstein com as atividades da faculdade?
Para isso, é preciso um outro nível de organização. À medida que o Einstein foi crescendo, fui sendo forçado, gradualmente, a me planejar e me organizar cada vez melhor para poder dar conta de tudo. Se, por acaso, acontecia de dar algum conflito entre minhas tarefas do Einstein e da faculdade, eu passava a prestar mais atenção para que não acontecesse de novo.
Aprender com os errinhos faz a gente melhorar aos poucos. E, depois de um tempo, você se acostuma à vida com um ritmo mais ativo, aproveitando melhor o seu tempo, procrastinando menos. Hoje, além de estar na organização do Einstein, também dou aula em outro cursinho popular daqui de Floripa, o Gauss, o que também exige bastante tempo para se dedicar. Acho que, hoje, eu só consigo dar conta de fazer isso tudo sem perder a qualidade por causa da experiência que eu já tive trabalhando no Einstein. Assim, fazer parte desse ambiente te ajuda a se desenvolver bastante.
No processo seletivo de alunos, vocês entrevistam diversas pessoas. Como é a sensação de ouvir tantas histórias? O que elas têm em comum?
As histórias em si não são nada parecidas! Nunca ia imaginar conhecer tantos contextos diferentes, tantos pontos de vista diferentes e tantas personalidades diferentes. São pessoas como eu e você, que tem seus gostos, seus sonhos, suas dúvidas e suas dificuldades. Os alunos que entrevistei não pareciam ter muito em comum tirando o fato de que poderiam ter um ensino bem melhor.
O que eu vejo neles é que são pessoas com potencial para mudarem suas próprias vidas e a das pessoas ao seu redor, e que a oportunidade de ter um ensino de qualidade pode tornar isso realidade.
Qual a importância desse voluntariado na sua vida? Como você se vê após a experiência Einstein Floripa?
Eu entrei no Einstein querendo fazer diferença na vida das pessoas. Mas, no final, foram as pessoas que fizeram a diferença na minha vida. Eu sinto que eu cresci muito aqui dentro, aprendi a me organizar e a lidar melhor com o tempo, melhorei muuuuuuito minha habilidade de interagir com as pessoas, perdi a timidez, fiz muitos amigos e isso tudo me deixou muito feliz. Acho que misturou três coisas boas: eu posso ajudar outras pessoas, fazendo o que eu gosto e ainda aprendendo com isso.
Aqui no HofC, a gente tem uma pergunta de encerramento clássica. Pode ser difícil respondê-la de imediato, então tente dar a sua mais sincera resposta. Vamos lá:
O que você quer ser quando crescer?
Olha, nunca tive muita certeza sobre isso na minha vida. Há bastante tempo, decidi que, independentemente do que eu escolhesse, iria ser com alguma coisa que eu gosto e que eu fosse feliz fazendo… só que eu gosto de várias coisas.
Já pensei em ser cientista, em abrir uma empresa, seguir alguma coisa na área da educação, ser professor. Enfim, ainda estou descobrindo. Por enquanto o que tenho feito é experimentar um pouco de cada coisa pra ver o que eu acho, mas ainda não posso dizer nada com certeza.
Recentemente, tenho começado a ver as coisas de uma maneira um pouco diferente e acho que o Einstein teve uma boa influência nisso. Eu comecei a ver o quanto as pessoas com quem você trabalha fazem diferença. Talvez, no fundo, o segredo seja estar com pessoas com que você goste de conviver e possa compartilhar bons momentos juntos.
Curtiu essa história? Essa já é nossa quinta entrevista da série Humans of Cursinhos! Veja as entrevistas das semanas passadas, com Flávia Regina, aluna do Galt Vestibulares, e com Bárbara Roberta, professora do CASD Vestibulares!
Um comentário sobre “Humans of Cursinhos: William Nunes do Einstein Floripa”
Esse é meu garoto !!! Sucesso !!!