Cursinho do DF alinha ensino e tecnologia à inovação, também valorizando resultados no desenvolvimento pessoal de seus alunos.
Como parte inicial da nova trilha de conteúdo da Brasil Cursinhos neste 2020 (porque notícia boa nunca é demais, não é?), apresentamos-lhes o #NosCUPs – uma incursão nos Cursinhos Universitários Populares (CUPs) que integram o Movimento Universitário de Cursinhos (MUC) e que são filiados à BC.
Essa nova rota visa destacar, valorizar e difundir interna e externamente a unicidade, criatividade e proatividade daqueles e daquelas que atuam em prol dos sonhos de milhões de jovens que objetivam o ingresso em uma Instituição de Ensino Superior (IES), além de trabalharem por uma educação mais justa, inclusiva, equânime e democrática.
“A inovação está relacionada à adoção de novos serviços, tecnologias, processos, competências por instituições de ensino que levem à melhora de aprendizagem, equidade e eficiência”; é frase que consta no Measuring Innovation in Education 2019 (“Medindo a Inovação na Educação”, em livre tradução), divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em fevereiro do ano passado.
Agora, em 2020, mesmo sob o vigente cenário atípico – ruas desertas, comércio a portas cerradas e desconfiança generalizada – causado pela pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), algumas organizações e atores sociais da área de educação se mobilizam a favor desse direito fundamental, aderindo à inovação e à tecnologia, em um exercício dotado de resiliência, empatia e prestatividade.
Integrando esse grupo de agentes da educação, desde 2015, o Galt Vestibulares, gratuito, e voltado à população de baixa renda, vem apresentando novas soluções, no que tange à inovação alinhada à tecnologia em tempos de quarentena, além da tradicional e conhecida preparação de jovens para o vestibular e o ENEM.
Hoje, cinco anos após sua fundação, o cursinho brasiliense compreende mais de 150 voluntários, mil alunos aprovados (ingressos) no Ensino Superior, e mais de 500 alunos atendidos em cursos e acompanhamentos anualmente.
E, tendo o objetivo dessa nova trilha temática em vista, nós, da BC, entrevistamos: Dante Uwai, Presidente institucional; e Rubenilson Natividade, Cofundador e Presidente Organizacional, ambos do Galt.
Como foi acompanhar o avanço do novo coronavírus – mais precisamente em relação às atividades do cursinho – considerando-se as recomendações para a suspensão das atividades regulares e a adesão ao isolamento social por parte das autoridades públicas?
Assim que o Decreto (de autoria do Governo do DF) – direcionado às medidas de prevenção à COVID-19 – foi editado e publicado, fomos adequando-nos às notícias, indo atrás de novos métodos e dialogando com os alunos.
Vocês já tinham em mente alternativas à modalidade presencial?
Desde 2015 tínhamos a ideia de inserir as atividades do Galt em uma plataforma online, criando polos de ensino que pudessem atuar no interior do país por meio dessa aparência. Entretanto, com a atual pandemia, veio a oportunidade de desenvolvermos um conjunto de ações que englobam tecnologia e educação de uma vez só.
Quais as estratégias e ferramentas adotadas perante o cenário atual? E o que levaram em consideração no momento de desenvolvê-las?
De início, fizemos uma aula teste, no período noturno, na qual contamos com a parceria do Google for Education, e a recepção dos estudantes foi ótima. Depois, disponibilizamos aulas gravadas para os estudantes, e enviamos formulários aos professores, para que eles expusessem suas opiniões, preferências e sugestões.
Também aproveitamos a nossa parceira com o Descomplica, além de uma relação muito próxima e produtiva que temos com nossos alunos, essa uma das características mais notórias do Galt.
Como avaliar o desempenho do corpo docente e discente a partir das estratégias e ferramentas pedagógicas que vocês implementaram, e como elas foram desenvolvidas?
Sendo algo muito novo para todos nós, foi um desafio muito grande tanto para o corpo docente quanto ao corpo discente que iria receber uma nova modalidade de ensino. Contudo, neste primeiro momento a avaliação é positiva e tal implementação só foi possível por conta da boa recepção de todas as partes afetadas.
Realizamos uma reunião geral com todos os membros para escutá-los após enviarmos uma série de formulários de mapeamento de perfil dos estudantes, a fim de compreender suas condições, visando as aulas na modalidade EAD e, a partir do resultado positivo conquistado, os membros se sentiram mais abertos e motivados a realizar nossas atividades normalmente online.
Ferramentas de trabalho, como o Google Meet, estão sendo bem aceitas e os membros e estudantes se adequaram rápido à funcionalidade de trabalho.
Vocês criaram algum programa de tutoria? Como ele funciona?
Atualmente, temos dois sistemas de acompanhamento junto aos estudantes: o primeiro se chama Apadrinhamento, no qual cada estudante escolhe um membro do Galt para acompanhá-lo durante o semestre, recebendo auxílio na montagem de grade de horários, apoio nos estudos, dicas para provas e afins. Além disso, existe a possibilidade dos alunos de acompanhar o rendimento obtido nos simulados, tendo também, eventualmente, amparo por parte da equipe de psicologia e de monitoria.
O segundo que podemos destacar é a Mentoria firmada com um dos nossos parceiros, a Wiz Soluções, em que os funcionários da empresa realizam uma seleção interna para que esses mentores possam acompanhar os estudantes e dar dicas sobre mercado de trabalho e atuação profissional. A partir daí, os estudantes adquirem dois tipos de acompanhamento: acadêmico e profissional, ambos no decorrer de sua preparação no Galt.
Quais os resultados conquistados até o momento – qualitativos e quantitativos – em termos de aproveitamento, desempenho e avaliação dos professores, voluntários e alunos para com as ações implementadas?
Até o presente momento tivemos um retorno bem positivo tanto em relação à frequência nas aulas quanto do engajamento dos membros.
Nos primeiros dados de mapeamento identificamos que cerca de 63% dos membros informaram que a migração para a modalidade EAD impactam de alguma maneira suas atividades fins no Galt, mas, ao mesmo tempo, o mesmo percentual respondeu que se sentiam preparados para a mudança de modalidade visto a necessidade. Além disso, 75% informaram ter espaço para realizar suas atividades em home Office. Mais da metade, 54%, avaliaram com a nota 4 a nossa primeira semana teste, e 24% avaliaram com nota 5 (o ranking iria de 1 a 5).
Acreditamos que essa pesquisa inicial nos ajudou bastante na tomada de decisões. Após o início das aulas vimos um ótimo engajamento por parte dos estudantes, sendo que no primeiro simulado que realizaram até o momento, de maneira 100% online, tivemos a participação de cerca de 86,70% de comparecimento no primeiro dia de provas, e 78,03% no segundo dia.
Atualmente, estamos rodando a avaliação de acompanhamento de atividades para atualizarmos estes dados.
Quais dicas recomendam para os demais cursinhos sobre como desenvolver, adaptar e implementar ações de atendimento, avaliação, ensino, aprendizagem e gestão, considerando alunos, professores e gestores, bem como as questões orçamentárias, infraestrutura, pessoal, cronograma, e afins?
Pensando nas possibilidades de trabalho, faz-se necessário, no decorrer deste período de dificuldades, buscarmos alternativas tanto para alunos quanto para os professores.
Assim, cremos que a inovação, nas ações que possam suprir o atendimento presencial, e a resiliência, ao mostrar para os docentes e discentes a importância de continuarmos com as nossas atividades, mesmo quando na vigência de outra modalidade que ainda não está totalmente adaptada, são vitais.
Desse modo, estamos mais próximos de nossos estudantes, compreendendo suas limitações e desafios, e também valorizando a abertura de espaços para que eles sejam ouvidos.
Como a flexibilização do ensino em situações como a atual – por meio de estratégias inovadoras – auxilia cursinhos, professores, diretores, alunos e voluntários?
Acreditamos que sair da zona de conforto e do modelo atual de trabalho é uma necessidade de todos, e que a melhor maneira é de fazê-lo com a cabeça aberta à inovação e para realizar testes.
Não existe um modelo ideal que se adeque à todas as realidades. Assim como as políticas públicas não podem ser rígidas por não se adequarem a todos os cenários do país, os modelos de ensino e aprendizagem também precisam ser maleáveis ao ponto de terem a melhor implementação possível, levando em conta os diferentes cenários de trabalho.
Inovar é algo extremamente fundamental no campo do empreendedorismo social. Fazer impacto social é entender que além de sermos ambiciosos positivamente, precisamos também ser curiosos, estando cientes de que errar faz parte do processo.
Enfim, pivotar um modelo de trabalho é fundamental para novas ferramentas e modos de trabalho. Algo extremamente importante de ser dito neste cenário é que devemos aproveitar as situações conflituosas para criar novas oportunidades.
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