Como captar recursos para o seu Cursinho Universitário Popular?

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Um cursinho universitário popular possui diversos gastos ao longo do ano – como manter então a organização saudável financeiramente?

Trabalhar em uma organização sem fins lucrativos no Brasil é muito complicado, já que não existe uma cultura forte de doação.

ONGs, no geral, são alvo de suspeitas depois de diversos casos de ONGs de “fachada” que existiam para lavagem de dinheiro, ou que não prestavam contas sobre as doações recebidas.

Para completar, mostrar que a ONG é gerida por universitários pode inspirar algumas pessoas, mas também pode levantar dúvidas para outras. Nesse cenário, como balancear o acesso ao ensino superior mantendo as contas balanceadas também?

Abaixo vão 7 técnicas que podem ajudar o seu cursinho universitário popular a se sustentar financeiramente:

1. Permuta

O primeiro passo é avaliar se o cursinho realmente precisa de uma parceria financeira, ou se pode ser uma parceria não monetária. Conseguir parcerias não monetárias é consideravelmente mais fácil e pode gerar o mesmo resultado – ou um até melhor.

As parcerias não monetárias mais comuns dos cursinhos que fazem parte do movimento universitário de cursinhos são: xerox, escritório jurídico, contabilidade e fornecimento de material didático. Isso pode ser muito mais eficiente do que  arrecadar o dinheiro para adquirir serviços ou produtos.

Tais parcerias são muito válidas pois não tocam diretamente no bolso de quem está doando, tornando assim muito mais fácil a negociação.

2. Eventos

Eventos são uma forma muito interessante de captação de recursos. Podem até ser feitos com uma certa frequência, mas note: não mais do que um por semestre.

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Arrecada feito pelo CASD – R$50.000 em um único dia!
  • Exemplo “Arrecada”- O Cursinho dos alunos do ITA, o Santos Dummont, realiza um evento muito interessante chamado Arrecada. Esse é um evento em que voluntários vão às ruas nosprincipais semáforos da cidade pra arrecadar dinheiro, durante um final de semana inteiro.É uma prática utilizada por outras ONGs que, se bem organizada, chega a arrecadarmuito dinheiro, as vezes na casa de milhares, mas isso vem com muito trabalho – trabalho que já rendeu valores superiores a R$50.000 em um único dia.No caso do seu cursinho o valor arrecadado provavelmente será mais modesto, mas não custa tentar. Para esse evento é essencial a presença de muitas pessoas: universitários voluntários do cursinho, alunos e até simpatizantes podem ajudar. Além disso, escolher pontos estratégicos na cidade pode fazer uma diferença crucial para o montante arrecadado.
  • Macarronada/Bazar/Bingo/Rifa – Esses eventos são muito interessantes principalmente no início do cursinho.Eles também  funcionam com engajamento das pessoas. Fazer rifas uma vez por semestre ou por ano pode ser uma atividade muito viável, mas é importante lembrar que isso a longo prazo pode não ser muito sustentável.Bazares e macarronadas também são eventos que, se bem executados, podem render entre R$1.000 e R$8.000 para o cursinho. Vale notar que, pra esses eventos maiores, parcerias podem ser de grande valia.

3. Crowdfunding

Fazer um crowdfunding pode ser uma opção muito boa também. Mas vale um lembrete: fazer um crowdfunding no Brasil é uma logística totalmente diferente de fazer um crowdfunding fora do país.

Tem algumas coisas importantes quando se vai fazer um crowdfunding: escolher uma boa plataforma, escrever bons textos, fazer um bom vídeo e ter  boas imagens.

Além disso, é importantíssimo conseguir divulgações em portais de grande alcance: páginas influentes do Facebook, TV aberta, e sites em geral, podem ajudar significativamente.

No Brasil, a regra geral é garantir pelo menos 70% ou 80% das doações através de FAF (Fundadores, Amigos e Família) para fazer um bom crowdfunding dar certo.

Então, a princípio, é importante saber quem é a sua rede de contatos e como ativá-la para angariar a quantia que você precisa. Você pode acessar mais informações aqui.

4. Editais

  • Governo: O Governo, tanto em instância Federal, quanto estadual e municipal possui editais para ONGs. Basta ir os que nos quais seu cursinho se enquadra. Para isso, no entanto, é imprescindível que o cursinho esteja totalmente regularizado juridicamente.
  • Empresas: Muitas empresas ou fundações também costumam fazer editais,  então é importante estar sempre atento às notícias. Algumas das mais famosas são Credit Suisse e Google.

5. Patrocinadores

São pessoas ou empresas que doam de forma pontual. Normalmente, tais tipos de doação são mais facilmente realizados quando possuem um projeto finalidade (como conseguir materiais didáticos para os alunos; canetões para os professores; etc.), pois assim é mais fácil chegar com uma carta proposta para o potencial patrocinador, seja ele pessoa física ou jurídica.

6. Mantenedores

Programas de mantenedores em geral  são pessoas, empresas ou fundações que doam uma quantia fixa por mês,  que podem variar entre R$ 5 e R$ 5.000. 

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Página de mantenedores do Einstein Floripa

Mantenedores são normalmente a forma mais saudável de um cursinho se manter sustentável financeiramente, pois é um dinheiro que entra constantemente e o cursinho pode gastar de forma mais adequada e planejada (diferentemente de quando está focando em arrecadar dinheiro com patrocínio para um projeto específico).

Conseguir os mantenedores é o primeiro desafio, e depois disso é importante tentar mantê-los ao longo dos anos, sendo papel do cursinho enviar relatórios de atividades, explicando como o dinheiro foi gasto e qual foi o seu impacto. Quanto maior a  diversidade de doadores, melhor.  

Você já ouviu a frase “nunca coloque todos os ovos em uma cesta só”? É uma frase antiga que  possui grande sabedoria.

Às vezes, o cursinho pode estar se sustentando  a partir de um doador principal, e se tal doador interromper o processo, o cursinho pode entrar em sérios apuros. Assim, se a multiplicidade for garantida e apenas um parar de doar, o evento não afetará o cursinho como um todo.

Para conseguir o dinheiro é importante controlar muito bem os gastos, saber para onde o dinheiro foi parar, pegar notas fiscais e no final do ano elaborar um relatório de transparência, para assim manter os parceiros fiéis e mostrar que os recursos realmente foram bem investidos.

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Independente da técnica que você escolher, existem 4 pilares para colocar isso em prática:

(I) Planejar

Saber o que o cursinho precisaQuais serão os principais gastos do ano? Nesse momento vale a pena pensar em  três cenários:  pessimista, realista e otimista.  Por exemplo, o cursinho quer material didático para os alunos? Em um cenário pessimista ele pode pensar em materiais doados de pessoas físicas dos anos anteriores.

Já  em um cenário otimista o cursinho pode comprar o material didático de ponta do melhor cursinho particular da região. Isso vale tanto para material didático quanto para vale transporte, auxílio professor e tudo mais.

(II) Preparar 

Saber com quem você vai falarDepois de saber o que você precisa, é importante saber com quem você vai entrar em contato. Cada pessoa tem um perfil diferente, e é crucial levar isso em consideração  quando você vai apresentar o seu cursinho a fim de conseguir uma doação/parceria.

Por exemplo, ao apresentar o cursinho para um doador que se sabe que é mais emotivo, é interessante levar histórias de alunos e ex-alunos.

Agora, quando se vai apresentar para alguém de uma grande empresa, as histórias também podem ser interessantes, mas, normalmente, é de extrema importância expor  o retorno que você vai dar e explicar minuciosamente como esse gasto será feito.

Ou seja, saiba quem é a pessoa do outro lado, saiba o que ela gosta e o que ela espera de você (um relatório anual? Semestral?) em troca de uma doação. Aqui vai um vídeo para aprender um bom modelo de se apresentar a ideia de um cursinho: o golden circle.

(III) Executar 

Independentemente da sua estratégia ou técnica de captação definida, o mais importante é colocar em prática e realmente ir atrás, bater na porta, conversar com as pessoas e estar disposto a receber muitos “nãos”.

(IV) Retorno

Após o término do período letivo, do encerramento do projeto, ou de  qualquer um dos estilos de captação escolhido, é de vital importância  que o doador receba um retorno positivo.

Assim, não só ele terá mais chances de doar novamente, como ele também se tornará um embaixador da organização podendo trazer ainda mais doadores alinhados  com  causa.

Conclusão

Essas são as 6 principais técnicas, e um caminho de 4 passos para colocá-las em prática. Claro, ainda há outras que podem te ajudar a conseguir uma boa captação de recursos e garantir assim a sustentabilidade financeira do seu cursinho – o importante é correr atrás! Lembre-se que é preciso, sempre, analisar bem qual técnica é mais aplicável para o seu caso. É recomendado conversar com outros cursinhos do MUC (Movimento Universitário de Cursinhos) para ver quais dessas eles já aplicaram e quais foram as suas experiências nessa busca. A melhor a oportunidade para isso está muito perto: o Encontro Nacional de Cursinhos Universitários Populares 2017 é dia 23 e 24 de setembro!

Desejamos boa sorte e muito sucesso!

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