Como atuar frente ao bicho-papão dos cursinhos: a evasão

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Lidar com a evasão de um cursinho é uma tarefa complicada, mas com pequenas atitudes pode-se identificar o problema específico e trabalhar em direção a solução.

“- Alan?”, grita uma voz da frente da sala!

“- Presente!”, sussurra uma voz do fundo da sala.

“- Andreza?”, grita de novo a mesma voz.

A menina que senta na frente levanta prontamente sua mão!

E assim por diante até chamarem a Zeneide, que estava dormindo encostada na parede da sala!

Atire a primeira pedra quem nunca respondeu a uma chamada! E atire outra quem nunca pensou “Nossa, lá vem aquela lista enorme de nomes!”. Tudo bem, acredito que esse último pensamento não seja  tão comum, mas não é a coisa mais agradável do mundo, tanto para o aluno, que deve ficar atento à chamada do seu nome, quanto para o professor, que perde minutos cruciais no começo de sua aula.

As informações que obtemos a partir dessa atitude, entretanto, são essenciais para que saibamos como proceder em alguns momentos do ano a fim de manter nossos alunos frequentando o curso. Aliás, sem alunos, não temos o cursinho.

Então vamos começar a discutir algumas atitudes que podemos tomar para saber quando estamos começando a perder nossos alunos.

Planilha de controle

Começaremos por algo que parece  um tanto quanto  óbvio quando tratamos de evasão: a frequência. É preciso coletar dados referentes acerca da adesão dos alunos em quaisquer eventos promovidos pelo curso. O mais simples é a chamada. Nos aprofundemos um pouco mais em relação a ela.

Na maioria dos cursinhos, a correria para conseguir fechar o cronograma é muito grande. Muitas vezes, é inviável (principalmente para  cursinhos em que a quantidade de alunos por sala é muito grande) pedir que cada professor realize uma chamada. Seriam muitos minutos de aula perdidos. Uma opção é passar por cada sala uma lista para que as pessoas a assinem ao lado do seu nome.

É importante que haja alguém que possa passar as informações coletadas diariamente ou semanalmente para uma planilha de controle. Mas você deve estar se perguntando: “o que fazer com quem assina pelo coleguinha?”. Bom, se a quantidade de alunos é muito grande, a fiscalização também é  bastante difícil, mas é preciso deixar claro que essa não é uma prática saudável, até mesmo porque o aluno pode estar passando por momentos de dificuldade e é tirada de nós, membros, a oportunidade de ajudá-lo.  Vale realizar uma atividade de conscientização com os alunos.

É, ainda, muito importante que essa planilha possa oferecer a você informações precisas e que impliquem atitudes a curto, médio e a longo prazo.

Pode-se definir, por exemplo, que se um aluno faltar 3 vezes em uma mesma semana, ele será contatado a fim de entender os motivos de sua falta, o que seria uma medida a curto prazo.

Importância da planilha de controle:

Esse acompanhamento de ligações é bastante importante por alguns motivos:

  1.  Primeiramente, ele evidencia a nossa preocupação para com os alunos, o que é muito positivo para gerar no curso um sentimento de família (já falaremos sobre isso);
  2. Nos permite ter uma noção acerca dos principais motivos que levam nossos alunos a abandonar o curso, tais como aprovação em alguma universidade, bolsas em outros cursinhos, falta de recursos financeiros, problemas com a família, dentre outros;
  3. Permite que o cursinho faça um marketing mais coerente, uma vez que a quantidade de alunos beneficiados é bastante importante, aliás não é coerente “vender” o curso com x alunos, se em Abril, a quantidade de alunos é x/2.

Uma medida com efeito a médio prazo seria utilizar esses dados para identificar as matérias que são lecionadas nos dias em que os alunos mais faltam, aliás alguns deles usam como pretexto para faltar em um dia em que há mais aulas de exatas, por exemplo. Isso nos permitiria fazer uma melhor distribuição das matérias no decorrer da semana, a fim de que matérias semelhantes não estejam concentradas em um só dia.

Já uma a longo prazo é identificar os momentos do ano em que os alunos mais saem do curso.  Aliás, toma pouco mais da metade de um ano para perceber que os alunos saem mais em maio, depois do primeiro simulado, do que em julho, quando voltam das férias de meio de ano (esse é apenas um exemplo, pode não ser esse o caso em seu cursinho).

Porém se já existe uma documentação em relação a isso, não deixe de fazer algo em maio, em evento motivacional para todos os alunos e membros, por exemplo, para que a evasão nesse período diminua.

Proximidade ao aluno ou sentimento de família

É muito importante que os membros do curso, sejam eles administrativos ou professores, sejam os mais próximos dos alunos possível. Esse sentimento de preocupação, que lembra uma relação familiar, permite uma abertura que faz o aluno se sentir à vontade para conversar com pessoas que trabalham no curso, o que pode ser crucial para mantê-lo estudando.

Através dessa abertura, os alunos trazem problemas que nos permitem conhecer melhor a realidade social que eles enfrentam e podemos, assim, intervir de maneira mais eficiente.

A fim de proporcionar essa proximidade, é essencial incentivar os membros do curso a estarem presentes e, acima de tudo, disponíveis para conversar com os alunos. Um exemplo que pode ilustrar bem consta no livro “O poder do hábito”, em que um grande diretor de uma empresa de aço comunica que todos os funcionários de sua empresa teriam total abertura para falar com ele quando o tema fosse relacionada à segurança na empresa. Ao tomar essa atitude, gerou-se na empresa um sistema de comunicação que permitiu que ela se desenvolvesse também em diversos outros aspectos.

Pensando no exemplo acima, uma boa prática é criar nos membros o hábito de conhecer os alunos do curso propondo desafios como: Essa semana, cada membro deve conhecer duas pessoas novas e apresentá-las a outro membro do curso”, por exemplo.  De forma similar à empresa de aço, no curso seria implantada a cultura de conhecer a maior quantidade de alunos possível.

Além disso, uma outra boa prática é criar um hino ou um grito de guerra para o curso. Pode parecer bem simples, mas é algo que conecta bastante as pessoas enquanto cantam. É muito legal entoar um hino depois de um evento motivacional, por exemplo, ou na porta da instituição onde os alunos farão o vestibular. Além de conectar as pessoas em torno de um sentimento de união, é bastante tranquilizador também!

Eventos Motivacionais

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Churrasco organizado para os alunos do CASD

É fato que, em alguns momentos do ano, a motivação dos alunos reduz drasticamente. É preciso identificar os momentos do ano em que isso acontece, motivo pelo qual é tão importante ter a planilha de controle citada no primeiro item.

Conhecendo esses momentos do ano, é possível estabelecer linhas de ação para que a evasão seja reduzida. Esses momentos variam bastante em diferentes cursinhos, pois depende do calendário de cada um deles.

Portanto, é importante se manter atento a eventos e datas críticas, tais como a realização de um simulado – tendo em vista que o aluno, caso não se dê muito bem, pode acreditar que não será capaz de ser bem-sucedido no vestibular – ou a volta das férias do meio do ano – uma vez que parar de estudar por um tempo costuma nos enferrujar um pouco.

Baseado nas datas obtidas a partir do calendário do cursinho, podem-se realizar eventos motivacionais, responsáveis por resgatar o sentimento de família abordado no item 2. É o que acontece no CASD Vestibulares, cursinho administrado por alunos do ITA.

Na semana após a realização do simulado em estilo FUVEST, que costuma acontecer no final de Abril, com o tradicional churrasco dos alunos do CASDVest, em que são propostas diversas atividades de integração entre os alunos, os professores e os membros do curso, tais como jogos de futebol e de vôlei, concurso de dança, e outras

brincadeiras, como cama elástica, touro mecânico e karaokê – como pode ser visto na foto abaixo, do churrasco de 2016!

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Touro mecânico no evento de confraternização do CASD

Conclusão

Lidar com a evasão de um cursinho é, como vimos, uma tarefa bem complicada, um dos maiores desafios, sem dúvidas. Em compensação, é muito legal ver o retorno de cada uma das atividades citadas acima, seja ao ouvir, depois de uma ligação, que o aluno voltará a frequentar o curso, seja pela motivação com a qual o aluno sai do churrasco do seu cursinho depois de ter entoado um dos hinos mais importantes na vida dele naquele momento. Aliás, a felicidade de ter todos os seus alunos frequentando as aulas é algo que não se pode medir, não é mesmo?

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