Estudante de Ciências Contábeis na Universidade de Brasília, Juliana Bacelar já conhecia o mundo dos Cursinhos Universitários Populares, até que resolveu entrar de cabeça nele como assessora administrativa-financeira do Galt Vestibulares. Aqui ela fala um pouco sobre sua experiência, trabalho voluntário e Cursinhos Universitários Populares!
Como você se sente hoje com essa oportunidade de trabalhar no Galt?
Com essa oportunidade fico muito feliz porque me preenche também, o fato de ajudar as pessoas, de tornar os outros felizes, de ser um meio para ajudar as pessoas a alcançar os sonhos dela, eu acho que me preenche também. Eu me sinto mais completa do que só fazendo uma coisa pra mim. Isso também porque antes, no terceiro ano por exemplo, eu focava muito em mim: eu quero passar, eu tenho que passar, eu tenho que não sei o que, eu eu eu, sempre muito eu. E acho que dividir agora tipo “ah, eu quero fazer isso mas eu também tenho que ajudar os outros”, viver sabendo que a vida não se resume só a mim entendeu, acho que transbordar isso pros outros, acho que isso me tornou muito feliz e preenchida.
A gente ganha várias coisas, mas tem alguma coisa que você ganha por estar aqui, que você não teria em outro lugar?
Eu acho que a gente ganha a humanidade, porque, por exemplo, antes eu não me envolvia tanto com coisas voluntárias. Eu não tinha uma visão do mundo. Eu sabia que existiam pessoas que eram menos privilegiadas que eu, só que eu não tinha o contato, não via ali na minha frente. Acho que estar aqui me mostra um pouco disso, isso me torna mais humana, pelo fato de ver que não é só no meu mundinho Plano Piloto [região nobre de Brasília] que as coisas acontecem.
É ver que tem pessoas que necessitam, ver pessoas que se esforçam tanto pra conseguir um objetivo, um sonho. É fácil pra gente que tem uma condição um pouco melhor ir pra um cursinho, estudar ali, receber apostila e passar, mas pra eles às vezes não é. Ter que vir lá de um lugar distante, pegar ônibus, o ônibus demora, chegar aqui e chegar tarde em casa depois, ficar sem tempo pra estudar, é diferente a realidade, então acho que me mostra o outro lado, uma outra realidade que eu não tinha muito contato porque não era ainda no meu ciclo, não tava no dia-a-dia.
Você comentou que ser madrinha de alguns alunos foi algo que fez diferença pra você, como foi isso?
Com os afilhados a gente tem uma relação mais próxima, eu me abri muito no sentido de falar pra eles que eles podem contar comigo, qualquer problema pessoal que eles tenham também podem contar comigo, então acho que conviver com eles, com eles me passando alguns problemas mais pessoais, algumas coisas que eu não teria contato antes, acho que me engrandece muito. E do ponto de vista deles, acho que poderem contar com uma pessoa, pra pelo menos dar uma força, tipo dar uma base, um suporte, uma coisa mais emocional, já que o intelectual fica mais com o professores, também é ótimo. E eu consigo dar um apoio mais emocional, então acho que isso engrandece muito os dois lados.
Qual a principal diferença que você vê, excluindo o lado emocional, entre o trabalho voluntário e o trabalho remunerado? Você se sente mais motivada, sente mais vontade, é a mesma coisa? O que você vê?
Eu acho muito diferente, porque quando a gente está num emprego em que você é remunerado, eles te cobram por isso, estão te pagando então você tem que fazer isso, e aqui não. Mas eu acho que eu me prendo muito mais a uma coisa voluntária, que eu to aqui porque eu quero, do que a uma coisa que é mais obrigação. Eu me sinto muito mais motivada a acordar cedo e vir aqui ajudar num vestibulinho, numa prova, do que ter que acordar cedo pela obrigação de ir pro estágio fazer aquelas coisas na pressão, na obrigação, no “faz isso porque eu estou te mandando”.
Aqui no Galt não, ninguém tá te mandando fazer nada, as pessoas tem consciência que isso aqui é preciso, é diferente. Acho que é diferente justamente por essa motivação. Obviamente a gente precisa de dinheiro pra viver, comprar comida, por isso acho que a motivação dos lugares é diferente. Estar lá porque precisa, teoricamente, e estar aqui porque quer.
Para finalizar, o que você diria pra quem não tem contato nenhum com um cursinho voluntário?
Eu acho que é um mundo novo que muitas vezes as pessoas não se permitem conhecer. As pessoas às vezes se trancam muito naquele mundo que elas vivem e não se abrem pra conhecerem as realidades de outras pessoas que elas não tem muito contato. E às vezes a gente fica com uma visão de mundo muito boa, sendo que na verdade não é assim. As oportunidades que temos não são as mesma para aquela pessoa que tá do nosso lado e a gente se priva de ver, porque muitas pessoas acham que nada disso existe, acham que o mundo é cor de rosa. Mas pra mim é justamente isso, é você ter que se abrir pra ver mundos novos, pra você ajudar.
Eu não acho que a gente precisa viver só por nós, eu acho que a gente pode deixar o mundo muito mais leve, muito mais harmônico se a gente olhar para nós, claro, mas ajudar o próximo a também a ser feliz, também conseguir os objetivos. Acho que o mundo seria muito mais feliz, muito melhor, se tooooodos pudessem ser felizes, se tooooodos pudessem alcançar os sonhos, não só a gente.
Gostou da entrevista? Veja aqui a conversa da semana passada, com o professor de matemática Thiago Linhares, do Einstein Floripa!