“Caso você tenha sido ajudado algum dia, retribua, quando possível, e do seu modo”

Rodrigo Fernandes Dino

 

“Na Mantiqueira um povo nobre fez brotar/ Do chão da serra “a cidade fácil de se amar”, dizem os versos do Hino de Itajubá, cidade localizada no sul do estado de Minas Gerais.

Abraçada pelas “montanhas bonitas” da Serra da Mantiqueira, Itajubá foi marcada pelo Ciclo do Ouro, principalmente nos séculos XVII e XVIII. 

Hoje, essa cidade tem como pilares de sua atividade econômica a agropecuária e a indústria, nas áreas de mecânica, eletromecânica e aeronáutica.

Dentre os 97 mil habitantes deste município, fundado há 201 anos (tendo-se emancipado em 1848), está Rodrigo Fernandes Dino.

E se “suas escolas são fontes de progresso do Brasil”, esse itajubense, nascido em 1995, teve sua história transformada por um dos maiores pontos de destaque dessa terra mineira: a educação.

 

“Meu pai é marceneiro há 35 anos. Vejo ele criar móveis lindos e, quando mais novo, adquiri interesse por essa área, mas ele me encorajou a encontrar outra profissão. Então, vi na engenharia uma possibilidade, só que não sabia a variedade de áreas que tinha. 

Aos 15 anos fui convidado para participar de um programa de capacitação de robótica, o qual visava a formação de um time com alunos da rede pública para participar de campeonatos pela cidade. 

No primeiro dia de competição, apaixonei-me pela carreira e, ali, decidi: quero me tornar um engenheiro de controle e automação.  

Meus pais sempre me ofereceram tudo para estudar. Claro que, quando necessário, ajudo meu pai. Mas aqui em casa o incentivo aos estudos sempre foi prioridade. 

Todavia, tenho duas irmãs, e por isso já pensei que seria inviável arcar com os custos de um cursinho particular, coisas essas que eu nem contava, até então.

No ensino médio tive ótimos professores e professoras. Muitos deles me incentivaram a ingressar no ensino superior, mas, infelizmente, como não era a vontade de todos da turma, nosso rendimento era um pouco baixo. 

Contudo, isso nunca me desmotivou em ingressar numa universidade.  

No último ano de ensino médio fui aluno do cursinho preparatório que a escola tinha, no entanto, frente à desmotivação, o cursinho acabou encerrando as atividades. Fui encarar o ENEM um tanto despreparado. Com o resultado ruim, vi que tinha que me preparar melhor. 

Meu amigo me indicou o cursinho (CATS) e ingressei. Quando senti a energia do lugar, por ser dentro da universidade, professores graduandos, sala cheia e todos buscando um mesmo objetivo, tudo isso me trouxe novos ares.” 

 

Atualmente, Rodrigo é graduando em Engenharia de Controle e Automação pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). 

Theodomiro Carneiro Santiago (1883-1936) advogado, também itajubense, e uma das personalidades políticas mais conhecidas do município foi um dos idealizadores dessa tradicional Instituição. 

Seu nome e sobrenome batizam o CATS, cursinho pré-vestibular voltado para o público de baixa renda, uma vez registrado como projeto de extensão social da mesma UNIFEI.   

 

“Conheci o CATS – Curso Assistencial Theodomiro Santiago – em 2014. Seria minha segunda tentativa com o ENEM, sendo que no ano de 2013 eu tive um pequeno susto, ao ver o quão despreparado eu estava. Meu amigo comentou comigo e fomos fazer a inscrição. Obtive em uma boa colocação na prova e passei na entrevista.

Em 2014, eu também participava de uma equipe de robótica e levava o cursinho e essa equipe junto, tentando dividir a energia para os dois. Assim, preparei-me bastante para o ENEM, sentindo-me mais capacitado. 

O CATS tinha me encorajado, dado energia e maior clareza ao meu conhecimento. 

No outro ano, tentei novamente. Foi me dado uma nova oportunidade e me entreguei ao máximo. Tive que abdicar da equipe de robótica que eu amava, para me dedicar 100% nos estudos.

Por sorte do destino, a escola onde prestei a prova, nesse ano, era perto de casa e não me atrasei. Eu me esforçava o dobro em todas as redações e simulados, e minha confiança e energia voltou novamente.

Por isso sou muito grato ao CATS, sem o cursinho eu não teria ingressado no curso que queria.”

 

Confraternização entre alunos e voluntários – ChurrasCATS

 

Rodrigo atuava como mentor de uma equipe de robótica de sua escola. Além de estudar, auxiliava seu pai sempre que necessário. 

Contudo, o estudo sempre veio como prioridade. Aproveitou seus esforços ao máximo, pois, em determinado momento, percebeu aonde queria chegar. 

 

“Ingressei no CATS em 2016, mesmo ano em que entrei na UNIFEI. Uma vez que sempre tive uma facilidade para a área de exatas, logo me inscrevi para ser monitor da área, na qual permaneci por 3 anos. Fiz colegas, que foram meus alunos de monitoria e, hoje, fazem matérias comigo na graduação.

Em 2019, fui convidado para ser professor. Fiquei mega feliz pelo convite e receoso, pois ajudar poucos alunos na monitoria eu fazia bem, mas encarar uma sala de frente era outra história. Respirei fundo e com o apoio de todos do CATS assumi a frente de aritmética. 

Amei dar aula, preparar questões para simulado, lista de exercícios e material para os alunos acompanharem minha louca viagem na matemática, enquanto eu tento explicar para eles um pouco de conteúdo. 

Hoje, sou Diretor de Ensino e professor de aritmética do CATS, sendo responsável por coordenar as áreas de redação, provas, professores, monitores e materiais.”

 

Rodrigo (à esquerda) ao lado dos demais Diretores do CATS de 2020

 

Junto à aritmética e à diretoria de ensino do cursinho, Rodrigo também faz parte do desenvolvimento de um protótipo de solda por descarga capacitiva da própria faculdade. 

Está prestes a se formar, e pretende ingressar no mercado de trabalho, estando, ainda, imerso num processo de descobrimento deste novo mundo, no qual irá imergir num futuro próximo.

E, claro, ele pretende, sim, um dia, voltar para lecionar, mas acredita que experiência é imprescindível neste ponto. 

Por agora, uma certeza inquestionável – o CATS é uma página inesquecível de sua história.

 

“Viver no CATS é aprender todo dia que podemos ajudar o mundo de pouco em pouco. Temos alunos com situações complicadas, e ver a superação e luta que travam todos os dias para poder estar ali te faz ver o quão o mundo precisa ser mudado.

Você ali é uma pequena engrenagem, que pode fazer tudo isto acontecer. 

O trabalho voluntário é algo que engrandece a alma. Você faz com um amor, e todos os seus problemas, por um minuto, parecem desaparecer.

Pretendo, sim, continuar a auxiliar, na medida do possível, onde eu estiver, e impactar o lugar com o trabalho voluntário.”  

 

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”; é frase marcante de autoria da goiana Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, mais conhecida pelo pseudônimo de Cora Coralina (1889-1985), uma das poetisas e contistas mais notórias de sua época.

Rodrigo viu na educação uma possibilidade de emancipação pessoal, social e profissional. 

Sua transformação e felicidade são traços desse movimento imensurável.

E, seguindo as palavras de Cora, o itajubense continuará sua missão educadora, a mesma que o levou até onde está nos dias de hoje.

Vai retribuir, o que acolheu. E também possibilitar aos atuais alunos sentirem aquilo que vivenciou.

 

“O apoio, carinho, atenção e muitos bons momentos para muitos são coisas raras. O cursinho popular é um local que, além de oferecer ensino, consegue proporcionar tudo isso simultaneamente com a preparação para o vestibular. 

No CATS fui muito bem recebido e sou muito bem tratado até hoje. 

Isto me faz bem e, assim, faço questão de tratar a todos com carinho e respeito. 

Em muitos lugares na vida não recebemos esse tratamento, e um lugar que podemos ter certeza que seremos bem tratados é nos cursinhos populares.”

 

Primeiro dia de aula de 2020

 

A experiência de participar de um cursinho popular é memorável para Rodrigo. 

A educação, quando no âmbito das classes sociais é um direito constitucional, ferramenta de inclusão social, e de preparação crítica das massas.

A bagagem, segundo o mineiro, é extensa, atemporal e humanizada.  

 

O CATS me ensinou que o bem que você causa volta a você.

Muitos momentos com alunos tirando dúvidas, às vezes três ou quatro e, mesmo assim, persistir para que ele entenda e, hoje, vê-lo no ensino superior, cursando e vindo até você para agradecer são coisas que não tem preço. 

Saio de lá sentido que aprendi mais que os alunos, no conteúdo, na empatia, humildade e paciência.  

Ninguém é igual a ninguém e comprovamos isso quando damos aula para 100 alunos.

Vemos ponto de vistas diferentes, opiniões, dúvidas e até mesmo observações por ângulos que nunca teriam passado pela minha cabeça. 

É sensacional saber ouvir e conversar. Quantas coisas aprendemos e, ao mesmo tempo, transmitimos, e isto tudo ocorre no CATS ,com uma cordialidade fantástica.” 

 

“Navegar é preciso, viver não é preciso”, imortalizou o poeta lusitano Fernando Pessoa (1888-1935).  

Hoje docente, Rodrigo também é conselheiro. 

Emana a poesia histórica do estado que é sua terra-natal, de Drummond a Guimarães Rosa.  

E se o ato de viver não tem precisão, direção correta, Rodrigo, em sua função, aponta aos atuais e novos aventureiros desse mundo qual é a rota, o caminho certo a seguir. 

 

“Você está com 40% do caminho certo! Buscar ajuda é sempre o primeiro passo.

A segunda parte é com você. Vai ser sua hora de suar a camisa, vencer desafios e fazer o seu melhor. 

Contudo, já lhe adianto: não será fácil. O dia-a-dia não ajuda, você pode ter dificuldade num conteúdo, virão problemas pra te atrapalhar. 

Mas a sua persistência e a ajuda que o cursinho popular vai te oferecer serão necessários para alcançar seu objetivo. 

Nossa triste realidade ainda faz com que nada seja fácil, mas que glória teria se não necessitasse esforço.

O bonito vai ser trilhar este caminho e depois olhar para trás e ver quanto você superou, realizou. 

Quantas amizades e sonhos conseguiu conquistar e, no final de tudo, ainda poder ajudar alguém. 

E peço-lhes: caso você tenha sido ajudado algum dia, retribua, quando possível, e do seu modo.” 

 

“Revelemo-nos mais por atos que por palavras” diz o lema oficial de Itajubá. 

Rodrigo Fernandes Dino, nascido em novembro de 1995, mineiro, filho de marceneiro e, hoje, professor e diretor, para amanhã ser engenheiro, mas sempre sonhador, cita o que é, segundo ele, essa tal educação, esse sentimento que move a todos nós.

 

“Com certeza é o único caminho para alcançar de forma permanente o progresso de uma nação, a equidade entre a população e o respeito acima de todos. Com o conhecimento vemos que é necessário ordem. Nada funciona de modo caótico e desorganizado, e infelizmente vemos que muitas coisas não são aplicadas. Somente com a educação, sendo algo forte e intrínseco a todos, poderemos dizer que teremos um progresso real.

A ideia que quando aprendemos faz com que nossa capacidade aumente é sensacional, nós somos uma máquina tão fantástica e tudo ao nosso redor, tão belo.

Porque temos que reter esse conhecimento por diversos fatores?  Porque isso não pode ser igual a todos? 

Parto do princípio que todo o conhecimento do mundo tem que ser compartilhado. Não somos donos de nada, e se somos humanos devemos ser tratados igualmente. Nas minhas aulas tento ensinar o aluno a não copiar a fórmula, mas, sim, a entender sua origem. 

Ainda atuo no CATS, porque sei que, aqui, posso mudar a vida das pessoas, do mesmo modo que a minha foi mudada.

Mas, um dia, conversando com os outros diretores, mencionei que ficarei feliz no dia que adentrarmos numa sala do CATS e vê-la fechada permanentemente, ou o dia em que elas não serão mais vitais, porque tudo alcançou o patamar que deveria sempre ser.

Enquanto isto não acontece, saiba que a educação é algo de suma importância em sua vida. É um bem que ninguém irá tirar de você, e que todo seu esforço, sim, será recompensado.”

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